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Transferência de tecnologia: Biotecnologia de cultura da soja terá exploração comercial

Com a interveniência da Fundepag, o Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, e a multinacional canadense Lallemand Plant Care assinaram um acordo de licenciamento exclusivo de tecnologia para nova biotecnologia de cultura da soja desenvolvida pelo Instituto. O anúncio foi realizado pelo Vice-Governador, Rodrigo Garcia, e o Secretário de Agricultura e Abastecimento de SP, Itamar Borges, no último dia 27.

 “É uma celebração para nos encorajar por tantos outros desafios que temos pela frente. E saibam que o Governo de São Paulo está atento a esses desafios. Dentro de nossas possibilidades e esforço, vamos a cada momento fazer mais investimentos no agro”, afirmou Garcia. “Espero que essas decisões nos façam permanecer na vanguarda do investimento em pesquisa”, acrescentou.

O novo bionematicida chamado LALNIX RESIST é à base de Trichoderma e tem lançamento previsto para o segundo semestre deste ano. Os nematoides são vermes fitoparasitas de solo que podem reduzir em até 20% do potencial produtivo da cultura. “O uso de Trichoderma é uma alternativa natural para combater os nematoides, já que os produtos químicos não conseguem ter alta eficiência nesse combate. Como os nematoides são vermes de solo, o controle é dificultado”, explica Ricardo Harakava, pesquisador do IB.

O contrato de transferência de tecnologia está fundamentado na nova Lei de Inovação (nº10973/2004) e Decreto Estadual nº 62817/17, tendo sido aprovado pelo Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) e assinado pela diretoria-geral do IB, com a interveniência da Fundepag.

Para Antonio Alvaro Duarte de Oliveira, diretor-presidente da Fundepag, este é mais um marco para a instituição, que apoiou o IB através de sua incubadora de conhecimento, a Conexão.f, na aplicação da recente legislação paulista e brasileira de incentivo à inovação, garantindo que a produção de tecnologias pela ciência seja transferida com eficiência e eficácia para a sociedade, de forma a agregar valor ao setor produtivo.

“Este é o primeiro licenciamento realizado pelo Instituto Biológico de forma exclusiva, com o amparo legal da Lei de Inovação e Decreto paulista. Foi um grande aprendizado para os pesquisadores envolvidos, empresa, NIT e fundação de apoio. O licenciamento garantirá o ganho de royalties para a Instituição que será revertido para novas pesquisas, o que é muito interessante”, salienta a diretora-geral do IB, Ana Eugênia de Carvalho Campos.

“A Lallemand é uma empresa com mais de 100 anos de know-how em microrganismos e sempre primou por parcerias com instituições de pesquisas, como o IB, pois entendemos que elas são fundamentais para a evolução e entrega de inovações para o mercado, para o avanço da ciência e a melhoria contínua dos envolvidos.   O LALNIX RESIST, fruto dessa parceria, será uma ferramenta de muito valor para o manejo de nematoides, endossando a importância dos biológicos para uma agricultura responsável”, declara Fernando Urban, CEO da Lallemand Plant Care no Brasil.

A assinatura desse contrato é mais um exemplo de como a relação de institutos de pesquisa com empresas pode ser exitosa, trazendo soluções para necessidades reais do mercado. E tudo isso só é possível graças aos avanços legais, que viabilizam e trazem segurança jurídica para essa relação. Assim, todos ganham: os institutos, pois continuam suas pesquisas; as empresas, que têm acesso a conhecimentos e tecnologias; e a sociedade, ao se lançar produtos que resolvem suas necessidades.

Parceria

O trabalho realizado em conjunto entre o IB e a Lallemand Plant Care se iniciou em 2013, quando a empresa procurou o Instituto Biológico para selecionar cepas de sua coleção de Trichoderma, que possui mais de 120 isolados, ou seja, linhagens de Trichoderma coletadas em diferentes biomas paulistas.

“Este trabalho se iniciou com a pesquisadora aposentada Cleusa M. M. Lucon, que foi responsável também por coletar esses isolados em 52 locais, com diferentes tipos de vegetação nativa como Mata Atlântica e Cerrado. Ao longo de todos esses anos, realizamos um trabalho em conjunto, até chegarmos neste novo produto”, explica Harakava, atualmente líder do projeto.

O diferencial da coleção de Trichoderma do IB é que os isolados passaram por testes para verificar se de fato promovem controle de doenças e se agem no crescimento das plantas, além de terem sido submetidos à identificação molecular por sequenciamento de DNA.