O Brasil possui um enorme potencial para produção de pescado. O país, que já se destaca na produção de outras proteínas animais como boi e frango, é um dos maiores produtores mundiais de grãos. Possuímos, ainda, clima favorável e crescente mercado interno – associados aos 5,5 milhões de hectares de reservatórios de água doce e os 9,2 mil km de litoral prontos para receber empreendimentos de aquicultura –, o que torna a esta atividade extremamente promissora.
Conforme dados do relatório de previsões agrícolas Agricultural Outlook 2025, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o peixe é a proteina animal mais produzida, a mais consumida e a mais comercializada no mundo.
O caminho para o crescimento
A produção de pescado no Brasil deve caminhar no sentido de aumentar sua produção para atingir o patamar das outras cadeias produtivas de proteína animal. Seguindo a caminho das outras cadeias, para o Brasil se tornar um grande exportador de pescado, é preciso aumentar a escala de produção e apoiar a industrialização inovadora para chegar a preços competitivos.
O pescado, produto oriundo da extração (pesca) e/ou da produção (aquicultura), são, reconhecidamente, uma fonte de proteína de alta qualidade.
Desafios
No Brasil, nas últimas décadas, tanto a produção de pescado, como o seu consumo tem aumentado. Para atender esse crescimento, há alguns importantes desafios a ser vencidos.
1. Apresentar ao consumidor um pescado de excelente padrão de qualidade
2. Diversificar produtos e opções de preparo e de consumo
3. Garantir logística para disponibilização do produto fresco, conservado e/ou refrigerado
4. Assegurar frequência e confiabilidade de disponibilidade
5. Garantir penetração na cadeia de pontos de venda
6. Conquistar estabilidade nos preços
Para isso é necessário que todos os elos da cadeia produtiva e os processos de produção lancem mão de projetos inovadores.
Um case de sucesso
Relato aqui um projeto de Inovação Tecnológica, que está em andamento com sucesso, desde 2014, e que é fruto de parceria entre a empresa Fisher Piscicultura Água Vermelha S.A e a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios do Governo do Estado de São Paulo.
Atualmente, ainda são poucos os empreendimentos no Brasil que utilizam tanques-rede de grande volume (TRGV) (>100 m3), entretanto há uma tendência de utilização desse tipo de equipamento, com intuito de aumentar a escala de produção e diminuir os custos de investimento por metro cúbico e mesmo o de produção.
Por outro lado, comparando a tecnologia empregada na produção de peixes em tanques-rede, com os maquinários existentes para agricultura de precisão, o setor mostra-se ainda está latente para modernização e desenvolvimento tecnológico. Mais: percebe-se que o know-how necessário para produção de máquinas e equipamentos mais sofisticados, com maior mecanização e tecnologia, poderá colocar o Brasil em destaque no cenário mundial de pescado.
Diante dessa realidade, a Fisher Piscicultura Água Vermelha S/A idealizou um protótipo de tanque-rede a ser utilizado em um ”Sistema de Produção Intensiva de Tilápia utilizando Tanques-rede de Grande Volume -TRGV -Fisher®”.
O projeto do TRGV foi desenvolvido com o apoio financeiro da FAPESP/PIPE e, como dito anteriormente, realizado em parceria com equipe de pesquisadores da APTA Regional, Instituto de Pesca (Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo) e da empresa FISHER PISCICULTURA ÁGUA VERMELHA.
A inovação mais evidente do projeto Água Vermelha é o Tanque-rede de Grande volume (TRGV) concebido pela Fisher. Posteriormente, a Fisher agregou ao TRGV a tecnologia de arraçoamento automático desenvolvida pelo centro de pesquisas da UNESP Botucatu, conduzido pelo professor Dr. Cláudio Agostinho.
O TRGV Fisher consiste de um tanque cilíndrico de 450 m³ (12 metros de diâmetro e 4 metros de profundidade) com estrutura rígida de alumínio. O conceito aplicado ao TRGV foi o ganho de escala, proporcionando mecanização e automatização da produção, com solução para as deficiências de manejo (arraçoamento, classificação, despesca e limpeza).
Conheça algumas das vantagens competitivas do TRGV Fisher®
Elas vão de ganho de uniformidade dos lotes à redução na taxa de incidência de doenças. Confira.
1. Ganho de escala (menos intensivo em mão de obra)
2. Melhoria do desempenho na criação com:
- precocidade
- uniformidade do lote
- melhor taxa de conversão
- menor incidência de doenças
- menor mortalidade
3. Maior facilidade de manejo
- classificação
- despesca
- arraçoamento
- limpeza de telas (que são realizadas através de operações simples, baseadas em princípios físicos elementares, dispensando o uso de mergulhadores).
Além do evidente ganho econômico na racionalização do uso da ração, cabe ressaltar também o aspecto ambiental uma vez que todo o desperdício de ração resulta em aumento desnecessário de carga orgânica no reservatório, o que é prejudicial para a qualidade de água.
O projeto Sistema de Produção Intensiva de Tilápia utilizando Tanques-rede de Grande Volume-TRGV Fisher® foi classificado em 2° lugar na categoria produção, no Prêmio Inovação Aquícola 2019 do AQUISHOW 2019, promovido e organizado pela AQUISHOW Brasil e pelas plataformas de mídia AQUACULTURE Brasil e SEAFOOD Brasil.
Um de muitos cases de sucesso
Este foi um caso de sucesso! E como esse, outros projetos devem caminhar neste rumo na busca de produtos e processos inovadores, principalmente neste momento atual, com a situação econômica mundial gerando preocupações e incertezas diante da pandemia da COVID-19.
O momento de incerteza me faz acreditar ainda mais que, a Inovação Tecnológica é um caminho sem retorno, para que o pescado tenha um lugar de destaque com sucesso, na cadeia de proteína animal.